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Reiki e Mentores Espirituais

Por Gabriel Meissner. São Paulo, 08 de junho de 2007.

Em um país em que o espiritismo é muito difundido, é natural que se associe o Reiki ao passe espírita e que se conjeture qual é a atuação de mentores espirituais, enfim, espíritos desencarnados evoluídos, nas aplicações de Reiki.

As opiniões divergem a este respeito, desde aqueles que crêem serem os mentores espirituais são os verdadeiros responsáveis pelas aplicações e iniciações até os que dizem o Reiki prescinde totalmente do seu auxílio e que Reiki nada tem a ver com crença em espíritos desencarnados.

A seguir, direi qual é a minha própria teoria a respeito, mas relembrando que comentei em meu artigo Reiki a distância de que uma boa teoria é apenas uma teoria que nos é suficiente até pensarmos em outra melhor.

Antes, porém, vamos começar com uma perspectiva histórica e lembrar das origens do Reiki.

O Reiki conforme fundado e ensinado por Mikao Usui não considera nem afirma a existência de espíritos desencarnados, a possibilidade de comunicação com eles ou a sua influência sobre os tratamentos e iniciações. De forma que, em suas origens, a fundamentação do Reiki é muito diferente da fundamentação do passe espírita. Para Mikao Usui, o reikiano canaliza a energia vital do universo (Reiki) e não os fluidos espirituais emanados por espíritos.

O que eu penso sobre isso?

Acredito que o Reiki funcione como foi exposto acima, conforme Mikao Usui ensinou, independente da influência de mentores espirituais, seja nas aplicações, seja nas iniciações.

No entanto, acredito igualmente que aonde quer que uma prática de cura energética esteja sendo exercida, mentores de cura serão atraídos e poderão, se acharem apropriado, auxiliar. Este auxílio pode ser de diversas maneiras: emitindo seus fluidos espirituais ao mesmo tempo em que o reikiano canaliza o Reiki, instruindo o reikiano através de intuições, protegendo o local de presenças ou energias indesejáveis etc.

De forma que não creio ser indispensável a atuação de mentores espirituais para que o Reiki funciona, mas que eles ajudam quando são atraídos por um trabalho energético feito de coração.

Não poucos reikianos tiveram experiências que confirmam esta teoria. Eu mesmo tive algumas, em que vi, ouvi ou senti a presença de mentores durante a prática do Reiki.

Assim, se um reikiano possui uma sensitividade ou mediunidade desenvolvida de forma a perceber a influência de seus mentores, acredito ser benéfico que deixe-os atuar livremente, sem tentar “barrá-los”. Apenas acho que a incorporação é muito indesejável nestas circunstâncias e deve ser evitada. Melhor deixar a prática da incorporação para ocasiões mais adequadas a este tipo de trabalho.

Em algumas linhagens de Reiki, como a Usui/Tibetana, ensina-se no Nível IIIa uma meditação para entrar em contato com seus mentores espirituais. Apesar de ministrar cursos nessa linhagem, prefiro não ensinar esta meditação. Na minha opinião, ela pode ser perigosa. Dependendo do estado interior do reikianos, ele pode acabar atraindo espíritos indesejáveis para a sua convivência, desde espíritos levianos até verdadeiros obsessores.

Outro risco é da auto-ilusão. Pode-se fazer a meditação e apenas imaginar um mentor que não está lá e inclusive receber dele ensinamentos, símbolos e práticas que não passam de imaginação da mente do próprio praticante. Estimular dessa forma o animismo irá desviar a pessoa do seu caminho espiritual ao invés de auxiliá-lo.

Desenvolvimento mediúnico é um processo sério, delicado e longo. Não é prudente aprender uma meditação dessas em um workshop de fim-de-semana e depois não ter orientação contínua de um médium experiente para auxiliá-lo em seu caminho. Tratar a mediunidade levianamente apenas traz prejuízos para si mesmo (e, possivelmente, para os outros). Este trabalho é melhor deixar para centros espíritas ou espiritualistas, terreiros de umbanda etc.

Uma crença que alguns divulgam é o de que ao nos iniciarmos no Reiki “recebemos” um ou mais guias que irão nos acompanhar desde momento em diante. Acredito que isto seja um equívoco. Nossas companhias espirituais nós “ganhamos” de acordo com o nosso desenvolvimento espiritual e moral. Não vêm como “brinde” de uma iniciação, seja em Reiki, seja em outro método. Claro que pode acontecer de nossos mentores se aproximarem de nós quando nos iniciamos no Reiki, mas não creio ser este acontecimento uma regra universal.

Escrevi os últimos parágrafos com o intuito de mostrar que o Reiki é diferente da prática do passe espírita, no que diz respeito ao seu método e a sua fundamentação. Claro que existem reikianos espíritas ou espiritualistas e estes podem aproveitar algumas teorias espiritualistas e aplicá-las para explicar alguns fenômenos que ocorrem no Reiki, bem como se valerem da sua mediunidade para perceber a atuação de seus mentores em aplicações e iniciações. Para os que assim procedem, deixo a dica de uma prática que uso de vez em quanto para obter maior harmonia com meus próprios mentores.

  • Trace o símbolo do poder para começar a canalizar o Reiki;
  • Trace o símbolo de cura a distância para romper o véu entre o mundo material e o mundo espiritual;
  • Afirme que começa a enviar Reiki aos seus mentores espirituais, com o intuito de fortalecer e harmonizar sua relação com eles;
  • Trace o símbolo do mestre e intente que a sua energia é direcionada aos seus mentores;
  • Continue a canalização de energia pelo tempo que julgar necessário;
  • Agradeça e encerre.
Sobre o autor: Gabriel Meissner é Mestre de Reiki e ministra cursos na cidade de São Paulo. É também terapeuta floral, autor de artigos sobre terapias holísticas e espiritualidade e pesquisador de tradições espirituais do ocidente e do oriente. Entre em contato: gabriel.meissner@gmail.com.

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2 comentários:

Malcos Angioletti disse...

Muito bacana seu post. Estou tentando compreender o que são mentores espirituais, só ouvi esse termo no espiritismo, será que são mencionados em outras filosofias?

marilia disse...

me colocou em reflexão..gostei