Como ocidentais, levamos nossa bagagem cultural para o Reiki. Nós o vemos com os olhos de um ocidental. Procuramos aprendê-lo com este olhar. Porém o Reiki exige um outro olhar, um a que não estamos acostumados, em que não fomos treinados.
Ao buscar um aprendizado, queremos sempre aprender “como fazer” algo. Buscamos uma atividade exterior, com a qual possamos passar o tempo. Então, quando nos tornamos reikianos, procuramos aprendemos “como fazer” Reiki. E nessa busca por aprendizados, geralmente nos focamos em técnicas.
Quais são as posições de aplicação? Como aplicar Reiki à distância? Como proceder no tratamento de animais? Como harmonizar o nosso ambiente? Como tratamos desta doença ou daquela? Como isso, como aquilo, e aquilo outro...
Mas o ensinamento do Reiki, o legado de Mikao Usui, é um ensinamento interior. Para aprender a “fazer Reiki” temos na verdade que aprender a “ser Reiki”.
Aprendê-lo não é saber a usar os símbolos para harmonizar um ambiente, mas aprender a harmonizar a si mesmo. Se estivermos harmonizados, como conseqüência o ambiente ao nosso redor também estará.
Este é o olhar que precisamos aprender. De dentro para fora. Já estamos fartos de olhar de fora para dentro. Fomos suficientemente treinados neste olhar. Ele se tornou uma obsessão, uma trava, um limite à nossa percepção e à nossa consciência.
Para “ser Reiki” duas “técnicas” – que não são realmente técnicas, mas modos de viver e de sentir – são as mais importantes. Essenciais. São as menos consideradas e praticadas, justamente porque exigem que olhemos de dentro para fora. Mas são as mais importantes. De fato, são as únicas que importam realmente.
Estas técnicas são a meditação gassho e a observação dos Cinco Princípios.
Através da meditação gassho, em que colocamos nossas mãos em prece à altura do coração, nos concentramos no ponto onde os dedos médios se encontram, não somente “canalizamos” Reiki. Através do gassho, percebemos que somos parte do Reiki. Que a energia vital universal está dentro de nós e nós, dentro dela. Que nos pertencemos mutuamente. Que não há claramente um limite entre a energia do universo e nós mesmos. Esta separação, que nos faz pensar que “canalizamos” Reiki ao invés de o sermos, é uma ilusão.
E através dos Cinco Princípios olhamos para o que há em nossas mentes e corações. Quais são os nossos impulsos? Qual é a essência da nossa natureza e personalidade? O que há dentro de nós que está de acordo com os princípios que nos orientam para o desenvolvimento do corpo e da mente? Como a não observância destes princípios nos causa sofrimento?
Só por hoje,
Não se zangue,
Não se preocupe,
Seja grato,
Dedique-se ao trabalho,
Seja gentil com todos os seres humanos.
Destes princípios, os quatro primeiros conduzem o olhar para dentro.
Qual é a origem da sua zanga? Possivelmente orgulho. E da sua preocupação? Será medo ou insegurança? Por que não conseguimos ser gratos? Será que estamos treinados a olhar somente para os aspectos desagradáveis da nossa vida e estamos tão inertes que não conseguimos nos emocionar com o nascer do sol? Porque não queremos nos dedicar às nossas tarefas (a tarefa de crescer...)? Será mais confortável permanecer imaturo, preso a antigos padrões que não nos servem mais?
Se olhamos para dentro com o auxílio dos quatro primeiros princípios, este olhar nos conduz novamente para fora, mas dessa vez com a harmonia interna resultante – e então praticamos com naturalidade a gentileza do quinto princípio.
Ser gentil é muito mais do que ser educado. Muitas vezes a boa educação esconde um péssimo caráter. Muitas das melhores pessoas que conheci até hoje não ligam para a boa educação da sociedade. Por outro lado, muitas das pessoas pior caráter que cruzaram a minha vida são grande exemplos de boa educação.
Assim, ser gentil é muito mais do que mera formalidade. Não é ser educado, necessariamente (não que devamos ser grosseiros). É ter respeito e amor pela vida e individualidade do outro. Podemos ser respeitosos e amorosos mesmo sem exercermos uma educação condicionada e mecânica.
Ao desenvolvermos respeito e amor pelo próximo, percebemos com clareza que ele, assim como o Reiki, também não está separado de nós. Como nós, ele também é parte da energia do universo e, portanto, parte de nós e nós parte dele. Dessa forma, quando o olhar para dentro nos faz retornar para fora, reconhecemos no exterior também o que está em nosso interior.
Isso pode parecer bobagem. Ou maluco. Não é racional, não é técnica nem teoria. É percepção e sentimento. E isso é Reiki...
Sobre o autor: Gabriel Meissner é Mestre de Reiki e ministra cursos na cidade de São Paulo. É também terapeuta floral, autor de artigos sobre terapias holísticas e espiritualidade e pesquisador de tradições espirituais do ocidente e do oriente. Entre em contato: gabriel.meissner@gmail.com.
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1 comentários:
Preciso tirar algumas duvidas com voce
Mandei uma msg por aquele e-mail.
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